"Não há fatos, só interpretações", Friedrich Nietzsche.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Disciplina: Prática de Ensino de História II - Projeto de Intervenção

Internet e ensino de História: desenvolvendo espaços virtuais interativos.

Este Projeto de Intervenção consiste na criação e desenvolvimento de uma página na internet (neste caso um blog) que funcionaria como um espaço interativo de difusão e troca de informações e conteúdos relacionados aos temas estudados em sala de aula. Antes de prosseguir com o relato das experiências vividas durante a execução do projeto convém explicar os principais motivos para a escolha desta temática. Como sabemos, a internet é uma realidade cada vez mais presente e influente no cotidiano das pessoas, sobretudo para os mais jovens, que apresentam grande facilidade no domínio destas novas tecnologias.
De fato atualmente os jovens passam cada vez mais tempo on-line e, infelizmente, muito pouco deste tempo é aproveitado em estudos e pesquisas escolares, por este motivo muitas pessoas, inclusive da área de educação, enxergam a internet como uma influência nociva para os estudantes, algo que lhes dispersa a atenção, facilita a trapaça nos trabalhos escolares e consome o tempo livre dos jovens em atividades improdutivas do ponto de vista intelectual e didático. Neste projeto buscamos reverter esta situação, cremos que a abordagem mais inteligente para este problema não seja simplesmente condenar a internet e tentar (inutilmente, sem dúvidas) afastar os jovens de sua influência, mas sim explorar o extraordinário potencial que a mesma oferece como, por exemplo, a facilidade em encontrar e divulgar conteúdos interessantes como textos, imagens, fotos, vídeos históricos e vídeo-aulas, que podem ser usados para complementar e ilustrar os diversos conteúdos estudados em sala.
Além disso, há também uma predisposição positiva dos estudantes em relação ao uso da internet pois as exposições vêm acompanhadas de diversos recursos que podem fazer a aula bem mais atraente e concentrar melhor a atenção dos alunos no conteúdo exposto do que uma exposição simples dos conteúdos pelo professor em sala. Como todos sabem uma simples tela retangular que exibe imagem e som (como um computador ou TV) é capaz de concentrar a atenção quase hipnótica de qualquer audiência. Até mesmo de adolescentes em idade escolar.

Primeiros passos: Criação do blog e seleção de conteúdos paradidáticos relacionados aos temas que seriam estudados posteriormente.

A fase de criação do blog, para nossa surpresa, foi a parte mais fácil do projeto. Imaginávamos que precisaríamos da ajuda de alguém da área de informática para esta tarefa, mas não foi necessário. Usamos o serviço gratuito de criação e hospedagem de blogs do Google, o “blogspot”, e descobrimos que criar e administrar um blog é quase tão simples e fácil quanto criar e administrar um perfil em uma rede social qualquer (só que com muito mais recursos). O site é auto-explicativo, proporcionando todas as instruções necessárias detalhadas passo a passo, o blog ficou pronto para receber postagens em apenas alguns minutos e poucas horas depois já estava repleto de conteúdos que poderíamos usar para enriquecer as aulas que iríamos ministrar. Postamos textos interessantes, animações divertidas e instrutivas, diversas imagens, fotografias, vídeos históricos reais, reportagens antigas e até alguns vídeos-montagem com cenas do regime militar e músicas consideradas ”subversivas” daquele período. Postamos mais informação de que poderíamos usar no pouco tempo que dispúnhamos para lecionar.            

Execução: apresentação do blog aos alunos, boa receptividade, mas com problemas técnicos e de dispersão da atenção.

Na fase de apresentação do blog aos alunos, apesar da predisposição positiva dos mesmos em participar, nos deparamos com alguns problemas esperados (e outros não) que dificultaram bastante a execução do projeto. Logo nas primeiras aulas nós falamos sobre o blog, citamos alguns vídeos interessantes que havíamos postado e pedimos que aqueles que tivessem facilidade de acesso à internet entrassem no blog e, se possível, deixassem comentários nas postagens que achassem mais interessantes. Neste primeiro momento registramos pouquíssimos acessos e nenhum comentário postado pelas nossas turmas do Ginásio Pernambucano. Em compensação, amigos e colegas nossos que ficaram sabendo do blog pelas redes sociais que participamos acessaram a nossa página e outros perfis que possuímos em redes sociais e elogiaram bastante o nosso trabalho.
Nós já esperávamos poucos acessos dos grupos-classe escolhidos, primeiro porque nem todos tinham acesso à internet em casa e entre os que tinham acesso havia muitos que, em sala, apresentavam uma atitude desinteressada, constantemente dispersos em conversas paralelas, o que dificultava bastante a tarefa de proporcionar uma aula mais rica em conteúdos e satisfatória de fato. Até então não havíamos feito nenhuma atividade voltada para o uso do blog e apenas alguns poucos alunos disseram ter acessado a página, mas sem postar comentários (a menos que as pessoas deixem comentários, não há como saber quem está acessando a página, sabemos apenas o número de acessos).
Na tentativa de trabalhar mais ativamente com o blog resolvemos fazer uma atividade no laboratório de informática da escola. Foi quando nos deparamos com alguns problemas não esperados. O primeiro problema foi a dificuldade em fazê-los concentrar-se no conteúdo que preparamos para aquela aula: um vídeo com uma reportagem histórica, o “plantão” da rede Globo em 1992, quando a União Soviética deixou de existir dando lugar à CEI, comunidade dos Estados Independentes, e Mikhail Gorbachev renunciou ao cargo de Secretário geral do Partido Comunista da União Soviética. A idéia era apresentar o vídeo a todos de uma vez, contextualizar aquele acontecimento histórico como um dos episódios que marcam o fim da Guerra Fria e discutir a abordagem dada pelo jornalista da rede Globo, que faz uma análise bem parcial do acontecido. Devido a um imprevisto, o Data Show que reservamos acabou ficando trancado em um armário na escola e, em vez de exibir o vídeo a todos, nós os colocamos em duplas e trios nos computadores e pedimos que acessassem o blog e assistissem o vídeo para posteriormente, ainda durante aquela aula, postarem comentários sobre o tema.
Foi um fracasso quase completo. A conexão estava tão lenta que nenhum dos computadores conseguiu carregar o vídeo completamente e, para piorar, muitos dos estudantes deixavam a página do blog de lado para acessar outros sites e redes sociais como o Orkut e o Messenger. Percebemos então que naquelas condições não seria possível explorar a contento os recursos que o blog dispunha e a partir daí, para que a aula não fosse improdutiva por inteiro, tentamos ministrar uma aula normal ali mesmo, descrevendo a reportagem que nenhum deles conseguiu assistir por completo e lecionando sobre o período da Guerra Fria e o seu fim. Neste momento estávamos disputando a atenção dos alunos com os computadores (ficamos mesmo com a impressão que os professores não têm a menor chance nesta briga), solicitamos então que desligassem as máquinas, concluímos a aula e pedimos que aqueles que pudessem acessar em casa assistissem o vídeo e postassem comentários sobre ele. Foi quando os alunos perguntaram se os comentários valeriam pontos. Como não podíamos exigir que todos acessassem a internet, aquela teria que ser uma atividade que não interferisse na nota dos alunos. Não tivemos nenhum comentário postado pelos nossos grupos-classe, mas alguns dos alunos, aqueles que pareciam mais interessados nas aulas, disseram ter visitado o blog. Desde 21 de outubro deste ano registramos aproximadamente 250 acessos, a maior parte de amigos e conhecidos.

Considerações Finais.

Apesar das dificuldades e limitações com as quais nos deparamos, e que servem de experiência para que não repitamos os mesmos erros futuramente, cremos que, até devido às complicações com o calendário escolar, em que diversas aulas foram canceladas (como explicado detalhadamente em nossos Relatórios de Prática II), nós não pudemos dispor de tempo suficiente para explorar melhor os recursos do blog. Não pudemos nem fazer outra tentativa de usar objetivamente o blog em sala de aula (as aulas seguintes, devido ao pouco tempo que restava para o encerramento do ano letivo, já estavam planejadas para serem as revisões e provas da quarta unidade). Apesar de tantos contratempos e do fato de não conseguirmos que a maioria dos nossos alunos se interessassem e acessassem a página espontaneamente (sem imposição de trabalhos, por exemplo), nós não ficamos desanimados pois consideramos que na verdade este projeto mal começou, o blog que criamos continuará on-line, sendo atualizado periodicamente e poderá ser usado em outras turmas nas quais porventura venhamos a lecionar.
Em geral, páginas na internet levam tempo e exigem alguma dedicação (não muita) para ficarem populares. Acreditamos que, com o tempo, a divulgação e uso do blog em nossas classes futuras (usando sempre um Data Show) tendem a aumentar o número de acessos e atrair mais visitantes assíduos e estudantes interessados. Além disso, também não foi explorado o imenso potencial do blog de funcionar como um espaço interativo entre o professor e seus alunos. Onde ambos podem comentar as experiências vividas em sala de aula, as avaliações e trabalhos escolares, tirar dúvidas, postar recados e informações relativas ao curso, enfim, é um novo e dinâmico canal de diálogo que transcende os muros da escola, independe de horários fixos e possibilita a troca de informações como textos, reportagens jornalísticas, imagens, vídeos e etc. em volumes impensáveis apenas alguns anos atrás. Este texto e os Relatórios de Prática de Ensino de História II serão postados no blog para que o professor orientador da disciplina, se quiser, possa postar comentários.

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